Geomorfologia

 

1. ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA

 

1.1 Diferença entre estrutura geológica e relevo
 
Antes de falarmos do Brasil propriamente vamos definir o que vem a ser estrutura geológica e relevo. A estrutura geológica é a litologia de uma região, ou seja, o substrato físico que forma a crosta. Já o termo relevo não se refere a matéria, e sim a forma que essas rochas adquirem a partir da ação dos agentes do relevo. Esses agentes podem ser internos ou endógenos (tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos) e externos ou exógenos (chuva, vento, rios, oceanos, geleiras e seres vivos).
 
1.2. Estrutura Geológica Brasileira
 
Como sabemos a crosta terrestre é formada por diversas partes chamadas de placas tectônicas. São 8 placas principais e algumas secundárias. O limite entre essas placas são áreas de intensa atividade geológica, com a formação de cadeias de montanhas, terremotos e vulcanismo.O território brasileiro encontra-se no centro de uma dessas placas – placa Sul-americana – portanto, longe dessas zonas geológicas instáveis. Isso explica o fato de nosso país não ter dobramentos modernos, vulcanismo ativo e nem grandes terremotos.
 
A América do Sul abrange três grandes unidades geológicas: a plataforma Sul-americana, a plataforma Patagônica e o sistema de dobramentos modernos dos Andes. O Brasil fica totalmente inserido na plataforma Sul-americana.

 

A plataforma Sul-americana possui três grandes escudos cristalinos rodeados por bacias sedimentares. Veja o mapa abaixo:

 

 

Os escudos cristalinos constituem as rochas do Pré-cambriano que afloram á superfície. Cerca de 36% do nosso território é constituído desses escudos. Nessas rochas encontram-se as grandes reservas de metais do Brasil (ferro, manganês, estanho, alumínio etc.). Essas rochas cristalinas podem ser datadas do Arqueozóico (32,1%) e o Proterozóico (3,9%). 

 

OBS: São justamente nos terrenos do Proterozóico que encontramos a maior riqueza mineral pois os terrenos mais antigos do Arqueozóico, sofrendo pela ação do intemperismo e erosão por mais tempo, tiveram boa parte das suas reservas minerais destruídas.
 
 
As bacias sedimentares correspondem a 64%. Encontramos bacias antigas (Paleozóico e Mesozóico) e recentes (Cenozóico). As bacias sedimentares distribuem tanto pelo continente pela plataforma continental.
 
São nas bacias sedimentares que encontramos os chamados combustíveis fósseis: carvão (principalmente na bacia do Paraná), o gás natural e petróleo em terra (Recôncavo Baiano e Bacia Amazônica) e gás natural e petróleo no mar (principalmente nos litorais das regiões sudeste e sul). O carvão brasileiro não é suficiente para suprir nossas necessidades, sendo necessário importá-lo. Além disso, é considerado de baixa qualidade (baixo poder calorífico).
 
 
OBS: Se hoje não vemos mais vulcanismo ativo no Brasil, saiba que nem sempre foi assim. Na bacia sedimentar do Paraná, durante a Era Mesozóica, houve um dos maiores derrames de lava da histórica da Terra. Essa lava endureceu dando origem ao basalto. Essa rocha, sofrendo a ação dos agentes do intemperismo ao longo de milhões de anos formou uma imensa camada de solo de cor avermelhada que se estende pelos estados de São Paulo e Paraná. Esse solo é conhecido pela sua imensa fertilidade e foi um dos responsáveis pelo sucesso do cultivo do café naquela região.
 
2. RELEVO BRASILEIRO
2.1. A formação do relevo brasileiro
 
As vezes é difícil a consciência humana compreender a escala de tempo geológico. Para o tempo geológico, alguns milhões de anos não passam de milésimos de segundos no tempo humano. Assim, quando falarmos, do ponto de vista geológico, de tempos recentes, estamos falando da Era Cenozóica, ou seja, o que aconteceu nos últimos 65 milhões de anos. Essa era representa apenas 1,5% da história geológica da Terra.
 
Assim, falamos tudo isso para compreendermos que o relevo brasileiro é fruto de um longo processo de atuação dos agentes internos e externos atuado sobre uma estrutura geológica bastante antiga. Isso é o motivo de não termos no Brasil grandes cadeias de montanhas e, de forma geral, nosso relevo pode ser considerado baixo.
 
2.2. As formas do relevo brasileiro
 
Existem 3 tipos principais de unidades de relevo no Brasil: os planaltos, as depressões e as planícies.
A classificação do relevo brasileiro mais usada atualmente é a do geógrafo Jurandy Ross. Sua classificação leva em consideração a estrutura geológica e os processos de erosão e deposição dos sedimentos. Nessa classificação temos 28 unidades de relevo. Veja o mapa abaixo mostrando a classificação do relevo de Ross.
 
 
Planaltos – Podemos definir planalto como região plana ou levemente ondulada, localizada quase sempre acima das planícies, delimitada por escarpas e onde o processo de erosão supera o de deposição. São resíduos de áreas que já foram bem mais elevadas e acidentadas mas que foram se aplainando e tornando-se mais baixas com os milhões e milhões anos.
No Brasil temos planaltos em escudos cristalinos (como os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, Planalto da Borborema e outros) e planaltos em bacias sedimentares (como o Planalto da Amazônia Oriental , os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná, e outros).
 
Depressões – As depressões circundam os planaltos e são formadas pelo desgaste das rochas menos resistentes. Assim como os planaltos, os processos de desgaste (erosão) superam os de acumulação (deposição).
Existem dois tipos de depressões:
 
- Depressões absolutas – São aquelas que estão abaixo do nível do mar.
Ex: Mar Morto (-395m), no Oriente Médio, e o Vale da Morte (-84m), nos Estados Unidos.
 
- Depressões relativas – São aquelas que estão acima do nível do mar mas abaixo das áreas circundantes.
Ex:
 
 
OBS: No Brasil só temos depressões relativas.
 
Planícies – As planícies são áreas aplainadas, geralmente em baixas altitudes, delimitadas por aclives e onde recebem os sedimentos das áreas mais elevadas. Assim, podemos dizer que a deposição supera a erosão.
 
A Planície e Pantanal Mato-Grossense é a maior do Brasil e constitui parte de uma imensa área rebaixada entre os Andes e o Escudo Brasileiro denominado Chaco.

 

Imagem aérea das lagoas da Planície e Pantanal Mato-Grossense

 
A Planície Amazônica restringe-se a uma estreita faixa que acompanha o rio Amazonas e alguns dos seus principais afluentes. Quando na foz do rio Amazonas essa planície se alarga.
 
As Planícies e Tabuleiros Litorâneos estendem-se do Maranhão ao Rio Grande do Sul exibindo largura maior no Nordeste e chegando a desaparecer em partes da costa do Sudeste e Sul, quando os escudos cristalinos afloram chegando até o mar e formando belíssimas falésias.
 
Ao longo do litoral formam-se nessa planície uma série paisagens diversificadas tais como dunas do Maranhão ao Rio Grande do Norte, estuárias com amplos manguezais em Pernambuco, as lagoas e brejos em Alagoas, as restingas e lagunas do Rio de Janeiro e as baias, enseadas, tômbolos e lagunas nos estados do Sul.