Hidrografia do Brasil

 
Vivemos em um país com grandes recursos hídricos, tanto superficiais (rios e lagos) quanto subterrâneos (lençóis freáticos). Embora parte do Nordeste sofra com escassez de água, nosso país reúne cerca da 12% da água doce do planeta, com enorme capacidade de abastecimento para as pessoas, para a indústria, para a agricultura e para a produção de energia elétrica (hidreletricidade).

 

Podemos agrupar nossos rios em 4 grandes bacias hidrográficas. São elas: bacia do Amazonas, bacia do Tocantins-Araguaia, bacia do São Francisco e bacia Platina.

               

 
 
Podemos observar também no mapa acima que, além das grandes bacias hidrográficas, temos também as chamadas bacias secundárias. Essas são bacias menores, com poucos afluentes, que possuem importância apenas para a população localizada nas suas proximidades. Essas bacias são agrupadas em três grandes conjuntos, sendo que cada conjunto desses é formado por diversos rios sem comunicação entre si, formando cada um sua própria bacia. O rio Capibaribe, por exemplo, forma uma bacia hidrográfica que está inserida nas bacias do Nordeste. 
 
Vejamos agora as principais características das grandes bacias brasileiras.
 
Bacia Hidrográfica do Amazonas
 
O rio Amazonas é o maior rio do mundo em extensão (6.992 Km)e em volume de água (vazão de 209.000 m3/s). A bacia hidrográfica do Amazonas compreende uma área total de 6,4 milhões d km2, das quais 3,9 milhões de Km2 (60%) no Brasil.
O rio principal nasce nos andes peruanos com o nome de Ucaiali. Quanto entra no Brasil passa a ser chamado de Solimões, e só quando se encontra com o rio Negro, nas proximidades de Manaus, passa a ser chamado de Amazonas.

 

 

 

 
O rio Amazonas, no território brasileiro, vence um pequeno desnível de apenas 80 m, não tendo corredeiras ou quedas d'água. Assim, é considerado um rio de planície, e junto com alguns dos seus afluentes forma uma rede mais de 20 mil Km de vias fluviais navegáveis.
 
No entanto, vários dos afluentes do Amazonas são rios de planalto, com grande potencial para a produção hidrelétrica. Além das usinas já instaladas em alguns afluentes do Amazonas, existem ainda 23 projetos de novas usinas, além das 6 usinas que atualmente estão em construção.
 
A usina de Balbina, no rio Uatumã, afluente da marge direita do Amazonas, é considerado um exemplo de mal planejamento e do que pode acontecer quando empreendimentos como esses são realizados em meio à floresta. Com o alagamento de grande extensão da floresta Amazônica, e a elevada mortandade de animais, a usina é insuficiente para abastecer apenas a cidade de Manaus. A decomposição da vegetação submersa gerou ácido sulfídrico, tornando a água do rio ácida e matando grande quantidade de peixes, além de tornar o uso impróprio para a população. Para completar, a madeira da floresta submersa, em decomposição, produz metano e gás carbônico, que contribui para o efeito estufa.
 
Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
 
Seus 813.674 Km2 a tornam a maior bacia totalmente brasileira. Drena uma área de 767.000 Km2 (7,5 % do território brasiliro), tendo como principais rios o Tocantins e seu maior afluente, o rio Araguaia. 

 

                                                       

No rio Tocantins encontramos a UHE de Tucuruí, a 270 Km de Belém. Esta usina foi inaugurada em 1984, como parte do projeto do governo federal chamado Grande Carajás. Este projeto buscava construir a estrutura necessária para a exploração das imensas reservas minerais do Pará.
 
Bacia Hidrográfica do São Francisco
 
O rio principal, ou seja, o rio São Francisco, nasce na Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas (MG), e após percorrer 2814 Km, despeja suas águas entre os estados de Alagoas e Sergipe. Possui dois trechos que podem ser navegados: um no médio curso, de 1371 Km, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA); e outro, no baixo curso, com 208 Km, de Piranhas até a foz.

 

O São Francisco chama atenção pelo seu grande volume de água atravessando uma região semiárida como o Sertão Nordestino, onde os rios são temporários e pouco caudalosos. A perenidade do rio se dá pelo fato de suas nascentes se encontrarem em uma região bastante úmida (como dito anteriormente, na Serra da Canastra, no sul de Minas Gerais).
 
O “Velho Chico” também tem profunda importância histórica, pois foi seguindo seu curso que os primeiros colonizadores adentraram pelo Sertão. Foi também apelidado de “Rio dos Currais”, pois a criação de gato foi a primeira atividade econômica implantada pelos portugueses em suas margens.
 
Possui uma importância fundamental para os moradores das suas margens, oferecendo água para a irrigação das lavouras. Um exemplo disso é a fruticultura irrigada na região de Petrolina-Juazeiro, com uma produção de alta qualidade e boa parte destinada ao mercado de exportação.

 

Por fim, por ser um rio caudaloso e de planalto, possui enorme capacidade de produzir energia elétrica. Atualmente as usinas em funcionamento no rio são: UHE de Sobradinho (BA), UHE de Três Marias (MG), UHE de Três Marias (MG), UHE Paulo Afonso (I, II e III), UHE Moxotó (AL), Itaparica (BA e PE) e Xingó (SE e AL)..
 
 
Transposição do Rio São Fracisco
 
A transposição do rio São Francisco é o projeto de deslocamento de parte das águas do rio São Francisco, no Brasil, nomeado pelo governo brasileiro como "Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional".

 

 
O projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional – MIN. A obra prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para o desvio das águas do rio. Ao longo do caminho, o projeto prevê a construção de nove estações de bombeamento de água.

 

Orçado atualmente em R$ 8,5 bilhões, o projeto, teoricamente, irrigará a região nordeste e semiárida do Brasil. O principal argumento da polêmica dá-se sobretudo pela destinação do uso da água: os críticos do projeto alegam que a água será retirada de regiões onde a demanda por água para uso humano e dessedentação animal é maior que a demanda na região de destino e que a finalidade última da transposição é disponibilizar água para a agroindústria e a carcinocultura — contudo, apesar da controvérsia, tais finalidades são elencadas como positivas no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) em razão da consequente geração de emprego e renda.2 Iniciada em 2007, a conclusão da transposição estava originalmente planejada para 2012, mas atrasos mudaram a data tentativa para 2015.
 
Bacia Hidrográfica Platina

 
Essa bacia possui três rios principais: Paraná, Paraguai e Uruguai. Da junção desses rios temos a formação do rio da Prata, que separa a Argentina do Uruguai. Veja a imagem abaixo.

 

Essa bacia, por compreender rios que cortam as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, é a mais utilizada para a navegação. No entanto, faltam obras para a construção de eclusas que permitam maior navegabilidade em seus rios. Um exemplo é a hidrelétrica de Itaipu, que não possuindo eclusas em seu projeto inicial, bloqueou a navegação ao longo do rio Paraná. Só agora, o governo brasileiro parece querer construir essas eclusas, permitindo assim uma maior interligação fluvial entre o Brasil e os países do cone sul (Argentina, Uruguai e Paraguai).

 

Vejamos agora então algumas das características principais das três sub-bacias mais importantes da bacia Platina:
 
- Bacia do rio Paraguai – Essa possui possui uma área total de 1,1 milhões de Km2, compreendendo terras de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, além de partes da Argentina, Paraguai e Bolívia. A nascente do seu principal rio, o Paraguai, fica na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso.

Quando chega na região conhecida como Pantanal, o rio Paraguai possui uma declividade muito pequena, o que faz com que suas águas escoem em baixíssima velocidade e ele tome uma configuração sinuosa. Por isso, quando chega o verão – período de chuvas na região -, o Paraguai e seus afluentes transbordam, provocando uma enorme inundação. Isso se repete todos os anos, e faz com que os criadores de gado da região transportem seus rebanhos para os locais mais elevados, onde eles já sabem que as cheias não alcançam.

 

- Bacia do rio Uruguai – Com uma extensão total de 385.000 Km2, é a mais importante do Sul do Brasil, abrangendo o sul de Santa Catarina e todo o Rio Grande do Sul.
O rio principal nasce na Serra Geral, a 1.800 metros de altitude, com o nome de rio Pelotas. Só quando recebe as águas do rio Canoas ele passa a se chamar rio Uruguai.
Além de ser amplamente utilizado para irrigação, sendo um rio de planalto, tem grande potencial para produção de energia hidrelétrica. O rio Uruguai possui quatro usinas hidrelétricas: UHE de Itaé, UHE de Machadinho, UHE de Chapecó e UHE de Salto Grande.

- Bacia do rio Paraná – Essa bacia localiza-se na região mais industrializada e mais populosa do país, compreendendo terras dos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal.
Seu principal rio, segundo maior da América do Sul (3.998 Km), recebe o nome de Paraná a partir do encontro das águas dos rios Grande e Paranaíba. Demarca a fronteira entre Brasil e Paraguai até a foz do rio Iguaçu. A partir desse ponto passa a separar a Argentina do Paraguai e quando chega à sua foz, encontrando o rio Uruguai, forma o rio da Prata.

 

 

Os rios da bacia, por suas características de rios de planalto, possuem grande potencial para a produção de energia elétrica. É esta a bacia, inclusive, com maior capacidade instalada de produção hidrelétrica. As maiores usinas são UHE de Itaipu (entre Brasil e Paraguai), UHE de Porto Primavera (SP) e UHE de Furnas (MG).