Agentes Endógenos do Relevo
Orogênese e Epirogênese
Chamamos de tectonismo ao movimento das placas tectônicas provocado pelo atrito do magma que flui e se movimenta por baixo da crosta. Podemos classificar esse fenômeno geológico em dois tipos: orogênese e epirogênese.
A orogênese é o conjunto de movimentos horizontais responsáveis pela formação das grandes cadeias de montanhas. São também áreas de ocorrência de grande atividade sísmica e vulcanismo. Quando as placas são empurradas umas contra as outras (orogenia compressiva), acabam se deformando em suas bordas. Veja a figura abaixo:
O choque faz com que uma das placas mergulhe e direção à astenosfera (zona de transição entre o manto e a crosta), enquanto a borda da outra sofre um processo de dobramento. Além do dobramento é comum que se formem falhas e vulcões. São zonas instáveis da crosta, com a ocorrência frequente de terremotos.
Todas as grandes cadeias montanhosas da atualidade formaram-se por esse processo de convergência de placas, e por serem consideradas geologicamente recentes, ou seja, formadas no Cenozóico (cerca de 60 milhões de anos), são denominadas dobramentos modernos. Ex: Cordilheira dos Andes, Alpes, Himalaia, Montanhas Rochosas etc.
A orogênese também pode provocar o afastamento de placas tectônicas (orogênese distensiva). Nessas áreas o magma encontra facilidade para chegar à superfície, formando um novo pedaço da crosta. Nessas áreas formam-se cadeias montanhosas vulcânicas que, quando no fundo dos oceanos são denominadas dorsais. Veja a figura abaixo.
Isso é o que acontece, por exemplo, no meio do oceano Atlântico, onde o afastamento das placas tectônicas (placas Sul-Americana e Norte-Americana, a oeste, e placas Africana e Eurasiática, a leste) formou uma grande cadeia montanhosa de origem vulcânica denominada Dorsal Meso-Atlântica. Esta cadeia estende-se por 11.300 Km e em sua maior parte esta submersa. No entanto, em alguns pontos ela fica acima da linha de água, formando ilhas como a Islândia, os Açores e a ilha de Ascensão. Os penedos de São Pedro e São Paulo, pertencentes ao Brasil, também fazem parte desse sistema montanhoso.
A epirogênese (do grego Epeiros=continente e Genesis=formação) é o conjunto de movimentos verticais que provocam o soerguimento ou rebaixamento da crosta. São movimentos muito lentos, da ordem de meio metro a um metro a cada milênio. Quando existe o soerguimento do continente temos o fenômeno da regressão marinha (o nível da água recua em relação ao litoral), e quando temos o rebaixamento, ocorre a transgressão marinha (o nível de água se eleva, invadindo o continente).
Um exemplo clássico da movimentação epirogênica é a região da Escandinávia, que está soerguendo desde que a imensa camada de gelo que a cobria desapareceu com o fim da última glaciação. Acredita-se que nos últimos 200.000 anos a região tenha subido cerca de 200 metros. Em contrapartida,a região costeira da Holanda sofre um lento processo de rebaixamento de 30 cm por século.
Vulcanismo
Chamamos de vulcanismo quando o magma presente no manto ascende até a crosta terrestre. Quando a solidificação do magma se dá ainda no interior da crosta, chamamos de intrusão magmática. Quando esse magma escapa para a superfície, passando a ser chamado de lava, dizemos que ocorre uma erupção vulcânica. O termo vulcão é uma palavra de origem latina, pois na mitologia latina Vulcano era o deus do fogo. O vulcão se forma quando o magma e os gases associados encontram uma fenda na crosta e chegam à superfície.
Os vulcões são constituídos das seguintes partes:
- Câmara Magmática – bolsão localizado em camadas profundas da crosta onde o magma e os gases estão acumulados em grande profundidade.
- Chaminé – canal que liga a câmara magmática até a cratera.
- Cratera – abertura circular, em forma de funil, localizado no topo da chaminé.
- Cone Vulcânico – elevação em forma cônica criada pelo endurecimento da lava.
Além de lava, os vulcões libertam materiais sólidos e gasosos. Veja o esquema abaixo.
Os materiais sólidos (piroclástos) são formados pela solidificação da lava ou de pedaços da cratera arrancados durante a erupção. Podemos classificar esses materiais sólidos, quanto ao tamanho, em:
- Cinzas (<2mm) - São expelidas junto com as gases na erupção, formando nuvens. Podem se tornar um perigo para os aviões, pois aspiradas pelas turbinas podem levar a uma queda da aeronave.
- Lapilli (2-64 mm) – São piroclastos de pequena dimensão. Em italiano “lapilli” significa “pequenas pedras”.
- Bombas Vulcânicas (>64mm) – São piroclastos com formato achatado e arredondado, formado pela solidificação da lava ainda no ar.
- Blocos – São piroclastos de grande dimensão, formado por pedaços da cratera arrancados em violentas erupções.
Terremotos
Terremotos ou abalos sísmicos são vibrações bruscas e passageiras da crosta terrestre. Essas vibrações se propagam em forma de ondas pelas rochas e podem ser tão fracas, que não conseguiríamos perceber sem ajuda de aparelhos especiais (sismógrafo), ou tão fortes, que põem cidades inteiras abaixo.
A principal causa para os sismos são os choques entre as placas tectônicas. Estes imensos pedaços da crosta estão flutuando sobre o magma do manto, e são empurrados em diferentes direções pelas correntes de convecção. Quando a força aplicada pelo magma em movimento supera a resistência dessas rochas, ocorrem os terremotos. Cabe salientar que no interior das placas tectônicas também podemos encontrar falhas geológicas que podem provocar abalos sísmicos.
Outras causas possíveis para terremotos são:
- Erupções vulcânicas – quando o magma ascende da câmara magmática, pela chaminé, em direção à superfície, isso pode ocasionar sismos.
- Desabamentos – quando camadas de rochas ão subterrâneas vão sendo dissolvidas pela ação da água. Logo, as camadas de rochas superiores podem pesar e ceder. Outras vezes, os sedimentos podem se acomodar pelo seu próprio peso. É o que chamamos “acomodação de camadas”.
Tanto os sismos provocados por pequenas falhas no interior das placas, quanto as erupções vulcânicas e os desabamento provocam terremotos fracos. É justamente nas áreas de encontro das placas tectônicas onde temos os grandes terremotos.
É comum ouvirmos em notícias dos meios de comunicação, quando vão falar em terremotos, usarem a expressão “epicentro”. Mas o que exatamente isso vem a ser?
Chamamos de epicentro ao ponto da superfície exatamente acima do foco ou hipocentro do terremoto. É justamente a área onde o tremor atinge maior intensidade. Já hipocentro ou foco é o ponto no interior da crosta onde ocorre a ruptura da rocha e consequentemente origina-se o sismo.
Existem duas escalas para registro dos terremotos. A escala Richter, que mede sua magnitude, e a escala Mercalli, que mede sua intensidade. Vejamos melhor as características e diferenças de cada uma delas.
- Escala Richter – Criada em 1953 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg. Essa escala representa a energia liberada (magnitude) de um terremoto. É uma escala logarítmica e cada ponto nessa escala equivale a 33 vezes mais energia liberada.
Apesar de ser representada normalmente com valor máximo 9, não existe limite máximo para essa escala. Observe a figura abaixo para entender melhor.
- Escala de Mercalli – É uma escala qualitativa e um tanto subjetiva, pois depende do grau de percepção que as testemunhas tem do abalo sísmico. Criada pelo vulcanólogo italiano Giuseppe Mercalli, em 1902, mede a intensidade, ou seja, o grau de destruição de um terremoto.
Observe o resumo dos 12 graus em que se divide essa escala:
Os efeitos dos terremotos não são iguais em todas as partes do mundo. Vão depender da densidade demográfica de onde ocorrem e do nível de desenvolvimento das regiões atingidas. Em países desenvolvidos, as tecnologias de construção de ponta e a qualidade dos serviços de resgate e atendimento as vítimas, minimizam as consequências dos sismos. Já nas nações mais pobres, onde muitas vezes o socorro é extremamente deficiente e as construções feitas com materiais pouco resistentes, as consequências se agravam e muito.