Dessalinização
Dessalinizar é retirar o excesso de sais minerais da água salgada do mar ou de poços de água salobra, tornando-a própria para o consumo humano.
Mas o que vem a ser água doce, salobra e salgada? Primeiro vamos definir salinidade. Esta pode ser definida como a razão entre a quantidade total de sólidos (em gramas) dissolvidos e a quantidade de água que lhe serve de solvente. Daí, vamos utilizar a unidade de medida g/l (lê-se litros gramas por litro). Assim, os especialistas classificam como água doce quanto temos uma salinidade de 0 a 0,5 g/l; a água salobra, entre 0,5 g/l e 30 g/l; e água salgada, acima de 30 g/l.
Processo de dessalinização por osmose reversa, um dos
vários que podem ser utilizados
A tecnologia para se fazer a dessalinização da água já existe há bastante tempo, sendo utilizada em diversos locais do planeta onde esse recurso vem a ser excasso. Em Israel, por exemplo, 80% do abastecimento total é de água dessalinizada. No Kuwait, a taxa de dessalinização é de 100% da água, e na Arábia Saudita, cerca de 97%. A dessalinização produz 80 bilhões de litros de água doce por dia no mundo, volume suficiente para suprir 10% da população mundial.
O problema continua sendo o preço. O custo da água dessalinizada já caiu pela metade, mas continua alto. Na década de 1970, para cada galão (13,7 l) de água salgada transformada em água potável, gastava-se U$ 9,00. Hoje, paga-se U$ 4,00. Isso é quase seis vezes o necssário para tratar a água que chega aos moradores de São Paulo ( U$ 0,65 o galão). No entanto, melhor uma água cara do que água nenhuma, sendo essa uma alternativa para regiões que sofrem com escassez hídrica.
A Califórnia, por exemplo, está construindo uma usina de dessalinização ao custo de U$ 1 bilhão. Será suficiente para abastecer apenas 8% da população de San Diego (3,5 milhões de pessoas). Essa medida, mesmo atendendo tão pouca gente, é necessária, pois essa região dos Estados Unidos há cerca de 4 anos não vê chuvas. O governo do estado mais rico do país já obrigou seus cidadãos a reduzirem em 25% o consumo de água.
E essa medida serve para o Brasil? Para algumas regiões sim, mas outras ainda devem buscar soluções mais baratas. Para dessalinizar a água do mar e levá-la até São Paulo, que está a 760 m de altitude, os custos são absurdamente altos. Para cada 400 metros vencido, o custo da distribuição dobra. Já para outras regiões do Brasil, como a ilha de Fernando de Noronha, essa é a única forma de abastecimento para moradores e turistas. No Sertão Nordestino existe um programa de dessalinização bancado pelo governo federal que atende apenas 30 mil pessoas, muito pouco para a vasta região semiárida que abriga cerca de 22 milhões de habitantes.
Na garrafa maior, da esquerda, água retirada de um poço,
na direita, a água depois da dessalinização
(Município de Acauã, Piauí)